A Cotricampo, uma das principais cooperativas do RS, já vem realizando estimativas e apresentando números a respeito da safra de soja, principal cultura do agronegócio na região Celeiro. A cooperativa já contabiliza cerca de 3 milhões de sacas de soja recebidas até o momento.

Em uma média dos 17 municípios de abrangência da Cotricampo na região Noroeste, onde foram cultivados cerca de 200 mil hectares de soja, há uma estimativa de redução na produtividade, devido a muitos fatores, principalmente a variação de chuvas e estiagens em diversas áreas.

Segundo Rodolfo Richter, engenheiro agrônomo e coordenador do departamento técnico da Cotricampo, está se “concluindo uma safra boa, que será remuneradora, mas que enfrentou muitas adversidades, especialmente por conta de chuvas esparsas que acabam por apresentar uma produtividade que varia bastante, dentro da área de atuação da cooperativa”.

Ele destaca que o período de 6 a 14 de novembro de 2018 foi considerado a principal janela de plantio. “As lavouras tiveram uma floração muito boa, beneficiadas por chuvas regulares. No período do vegetativo e enchimento de grãos, se observou um período de estiagem, no final de janeiro e início de fevereiro, e junto a isso, uma alta pressão de ferrugem asiática”.

Regiões que receberam mais chuvas, com solo fértil aliado a um bom manejo do produtor, tiveram produtividade acima de 80 sacas por hectare. Por outro lado, solos mais compactados, que receberam menos incidência de chuvas e com um manejo não tão bom, tiveram produtividade de cerca de 40 sacas por hectare, ou até menos que isso. “Não temos ainda os números finais da safra, por ainda restar cerca de 10% de colheita, e mais a safrinha, mas estimamos uma redução de produtividade em 10% a 15% com relação ao ciclo anterior, com uma média de 55 a 60 sacas por hectare na produtividade final, abaixo das 65 sacas/hectare da safra 2017/2018”, afirma Rodolfo.

Para Ricardo Chassot, também engenheiro agrônomo e atual diretor-secretário da Cotricampo, neste período de colheita, o período de estiagem está sendo longo demais. “Já são 15 a 16 dias sem chuva. Alguns produtores inclusive perderam algumas sacas, em função da baixa umidade do soja na colheita, havendo uma diminuição do peso de muitos grãos”. A colheita da safra deve se encerrar até 15 de abril, restando após isso, apenas áreas do chamado soja safrinha.

Sobre o recebimento de grãos na estrutura da cooperativa, Ricardo destacou a importância de investimentos que a Cotricampo vem realizando nos últimos anos, no sentido de ampliar sua estrutura de armazenagem, contando hoje com 23 pontos de recebimento na região, após a aquisição de alguns armazéns que eram da Cotrijuí e da Camera, por exemplo. “Conseguimos armazenar muito trigo e milho, e não está sendo diferente com a soja. Sabemos da dificuldade do porto de Rio Grande durante a época de safra, a dificuldade em se encontrar transporte por caminhão, além do alto custo dos fretes, daí a necessidade do remanejo interno que a cooperativa está tendo, com muito sucesso”.

Em termos de custos, a atua safra de soja deve demandar cerca de 30 sacas por hectare aos produtores, em média. O valor da saca, atualmente, está em cerca de R$ 70,00, repetindo números do ciclo anterior neste mesmo período de colheita.

Números da soja no RS

No Estado, a colheita da soja avançou muito, chegando a 52% das lavouras implantadas nos 5,7 milhões de hectares cultivados com a oleaginosa. A produtividade em geral é boa e dentro da expectativa, em média de 3,8 toneladas por hectare (cerca de 63 sacas/ha). Se o tempo se mantiver favorável, sem excesso de chuva, a colheita da soja será finalizada até a metade de abril. O preço tem variado entre R$ 70,00 e R$ 76,00 a saca de 60 quilos no Rio Grande do Sul.

Rádio Alto Uruguai