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De Pelotas a Russia o fusca que foi ver a Copa

Publicada em 27/06/18 às 07:19h - 576 visualizações

por Rádio Esperança


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"Nosso lema é 'muito sonho e pouca grana'. A gente chega nos lugares e as pessoas já perguntam se a gente está precisando de alguma coisa, tentam ajudar. Quando a gente vê, já está na casa de alguém. É sempre a mesma coisa com esse carro. É surreal. Ele mexe com a emoção das pessoas, com o imaginário, com alguma coisa da infância", conta Nauro.

O clássico veículo deixou o porto de Rio Grande, no Brasil, no dia 19 de abril. Chegou à Rússia, no porto de São Petersburgo, no dia 9 de junho. Levou dois dias para ser liberado pelas autoridades. "A gente bateu um recorde. Normalmente pode levar 30 dias", se orgulha o aventureiro. A burocracia para enviar o carro, no entanto, levou quase quatro meses. E o planejamento da viagem, ele conta, começou logo após a Copa do Mundo do Brasil, ainda em 2014.

"Foi aquela tragédia, né?", diz Nauro, relembrando o 7 a 1. "Naquele dia, falei para a minha esposa: o que seria mais impossível do que o Brasil ser campeão na Rússia? Ela disse: você ir de Fusca para a Rússia. Eu disse: vamos? Ela disse: vamos."

 No fim das contas, a esposa de Nauro não veio. "A Rússia é cheia de estereótipos, né?", justifica Nauro. "Convidei esse amigo [Caio Passos], que já tinha viajado a América do Sul comigo. Mas disse à minha esposa: não abro mão de você fazer uma viagem comigo. Vou cruzar a Rússia de Fusca durante a Copa do Mundo. Terminando, vou para a Letônia. De lá, pego ela e minha filha, e o Caio volta para Portugal, onde ele vive. E vou cruzar a Europa toda de Fusca."

O desejo começou em 1978, durante a Copa do Mundo da Argentina. "É um sonho de infância. Falei para o meu pai que queria ir para a Copa na Argentina e ele disse que não dava para chegar na Argentina de Fusca", relembra.

A Rússia, porém, não é a primeira viagem longa que o carro faz. "Quando fiz 30 anos, resolvi fazer uma nova faculdade, de Filosofia, e, para ir para a aula, comprei um Fusca. Quando me formei, fiz uma viagem de formatura. A gente colocou as fotos no Facebook e chamou de Expedição Fuscamérica. Resolvi, depois daquela viagem, que iria cruzar a América de Fusca", conta.

"Muito sonho, pouca grana", além de ser o lema da expedição dos amigos, é também a realidade. Os dois vieram sem ter onde dormir ou ingressos dos jogos para assistir. Na última partida, em São Petersburgo, ganharam entradas de presente, de admiradores do projeto. Em Moscou, para onde a dupla seguiu neste domingo (24), estão com a mesma esperança. "Sinto a receptividade das pessoas com esse carro. Ele abre portas, é uma máquina de fazer amigos", garante Nauro.

Em São Petersburgo, conseguiram até lugar para dormir: "A gente está dormindo em camping. Mas, aqui em São Petersburgo, um russo conheceu a nossa história. Ele é um restaurador de carro antigo e ele nos levou para a casa dele, deu a chave para gente. E não deixa a gente pagar nem água mineral, nada, nada."

O sucesso é notável. Estacionado em frente ao Corinthia Hotel, hospedagem da Seleção em São Petersburgo, localizado na avenida Nevsky, a principal da cidade, o Fusca da expedição era o centro das atenções. Enquanto falava sobre o sucesso do carro, Nauro foi interrompido por um torcedor brasileiro, que pedia para tirar fotos e perguntava, incrédulo, se o veículo tinha mesmo vindo do Brasil.

"É o tempo todo assim, com gente do mundo todo tirando foto. A gente estaciona no Hermitage e já embola. Gente do mundo inteiro se conhece através do Fusca, começa a conversar em volta dele. Virou ponto de integração", se orgulha. 

Quem conta um conto aumenta um ponto

Como se levar um Fusca do Brasil à Rússia não fosse inusitado o suficiente, Nauro Junior ainda tem outra história curiosa, relacionada ao carro que move sua vida. O veículo foi adquirido de forma pouco convencional: foi trocado por um iPhone. "Não tinha grana para comprar, mas tinha um iPhone. Dei meu celular e R$ 500, e o cara me deu o Fusca. Claro, estava todo ferrado. Tive que reformar todo. Mas consegui trocar", conta ele.




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